Uma das maiores dúvidas trazidas pela chamada "black friday" foi o destino do poker online nos EUA, por motivos óbvios já que o país do presidente Obama, há quase 5 anos já dava sinais de que este mercado que movimenta bilhões de dólares não teria vida fácil por lá.
Quando falamos em facilidade não queremos dizer tolerância quanto às ilegalidades (que devem ser combatidas em todo o mundo) mas apenas meios para que ao poker online se desenvolvesse de maneira regular, responsável e devidamente regulamentada no maior mercado do planeta.
Se a situação legal vai se resolver e em quanto tempo, não é possível afirmar. Particularmente, nossa opinião é de que os EUA não deverão perder esta grandiosa fonte de receita e os líderes do segmento se ajustarão às determinações contidas nas leis americanas, voltando a operar normalmente naquele território.
Mas esta é uma discussão que não vamos trazer aqui, ainda que o assunto dificilmente será esgotado nos próximos meses ou anos.
O que se pretende abordar neste artigo é a situação brasileira frente à nova realidade do poker online mundial.
Se em 2006, com a retirada do Party Poker do mercado americano, foi possível ver novas empresas assumindo a liderança deste negócio, o que houve agora pode nos trazer uma outra revolução do online, mas agora, muito diferente do que já ocorreu anos atrás, a mudança no cenário pode ter jogadores no foco. E jogadores brasileiros!
Quem vive a realidade do poker no Brasil sabe quanto foi feito em tão pouco tempo. Quantos circuitos regionais nasceram, verdadeiros campeonatos estaduais, a força do BSOP, verdadeiro campeonato brasileiro, a criação de uma Confederação Brasileira de Texas Hold´em, a CBTH e as tantas Federações Estaduais que demonstraram efetivamente que a realidade do poker não é um fenômeno regional mas nacional, tão brasileiro quanto outros esportes mais antigos e reconhecidos.
Isso sem falar nos diversos títulos de expressão conquistados por nossos jogadores, temos braceletes do WSOP, WPT (com Alexandre Gomes), títulos do FTOPS, WCOOP, SCOOP, UBOC, com nomes como Thiago Decano, João Bauer, Fábio "Deu Zebra" Monteiro, Ricardo "Ramagem", Guilherme Sá, Stetson Fraiha e tantos outros que já fizeram muito bonito nas mesas online.
Citamos alguns nomes apenas para ilustrar o fato notório de que nunca nos faltou talento nas mesas ainda que nossas consquistas nem sempre repercurtissem tanto internacionalmente quanto aqui no Brasil, já que a concorrência, considerando os americanos, chegava a ser desleal.
Não que os yankees sejam tão melhores que a gente mas simplesmente porque no poker, assim como nos demais esportes, eles têm muito mais praticantes e acesso à informações, treinamento de qualidade e tudo mais que forja campeões há muito mais tempo. Exemplo perfeito disso são os Jogos Olímpicos. Mal começam e os caras já tem umas 50 medalhas de ouro e nós sempre acabamos com umas 5 medalhas no total muitas vezes em esportes que não têm qualquer apelo popular por aqui.
De fato, esta é outra questão que envolve investimento estatal e até mesmo cultura esportiva que, se não existirem em qualquer país, não há talento nato que supere esta barreira. E olha que talento para as mais diferentes modalidades esportivas nós, brasileiros, temos de sobra.
Dissemos tudo isso para ressaltar que o bloqueio imposto aos americanos nos maiores sites de poker do mundo pode sim trazer grandes frutos para o Brasil quando o assunto é o poker online.
Neste último final de semana muita gente reconheceu que agora os fields online ficarão mais fáceis. E só podemos afirmar isso porque temos nível de sobra para fazer valer esta afirmação e aproveitar o momento tranformando nosso potencial nas mesas em resultados concretos.
E esta nova realidade, além de inflar os bankrolls dos nossos grandes jogadores certamente vai soar como um belíssimo aviso para as empresas do setor que, sem dúvida alguma, deverão olhar para nosso mercado com outros olhos e investir ainda mais no Brasil e em nossos talentosos profissionais.
É bom dizer que este reconhecimento não se deve apenas ao fato de que os americanos, pelo menos por enquanto, são "cartas fora do baralho" mas, principalmente, porque o Brasil há muito tempo vem evoluindo constantemente e num momento como este, em que a oportunidade parece bater em nossa porta, estamos preparados para agarrá-la e mostrar ao mundo toda nossa força também neste esporte mental.
Então a hora é essa e, se os europeus, asiáticos, africanos e até nossos hermanos da América Latina pensam que terão vida fácil no online, só porque os americanos ficaram "sitting out", temos uma péssima notícia para eles, e esta carne de pescoço, este osso duro de roer, se apresenta de verde e amarelo e atende pelo nome de Brasil.
A coisa mais legal disso tudo é ver que realmente o nível dos brasileiros é superior. Normalmente quando tem brazuca nas mesas de Sits, por exemplo, eles ficam entre os 4 primeiros.