A Poker Players Alliance é uma das entidades mais atuantes e organizadas quando se fala em defesa dos direitos dos jogadores de poker, em especial nos Estados Unidos.
E nem é preciso dizer o quanto esta associação tem tido trabalho nos últimos anos e, mais ainda, após os eventos ocorridos no dia 15 de abril de 2011.
A Black Friday, para o mercado do poker como um todo, pode ser considerada o epicentro de um terremoto e, além dos abalos secundários (aftershocks), tivemos verdadeiros tsunamis que atingiram o segmento de diversas formas, com a perda de liquidez, prejuízos de investidores, aumento do desemprego na área e, é claro, créditos de jogadores retidos indevidamente nos sites.
E quando se fala em retenção indevida não mencionamos o fato óbvio de que os valores dos clientes devem ser disponibilizados a eles tão logo queiram, isto é mais do que esperado, o mesmo que dizer que o que você mantém em sua conta corrente no banco deve estar efetivamente à sua disposição.
O problema dos cash outs verificado após a "sexta-feira negra" expôs uma grande fragilidade do poker online e a dúvida quanto ao número de empresas que se valiam da mesma estratégia equivocada no tocante à administração dos seus ativos.
Equívoco maior estava em se manter, na(s) mesma(s) conta(s) os valores de titularidade das empresas (receitas) e aqueles que pertenciam aos jogadores (prêmios).
Está claro que os sites de poker, em especial os líderes do mercado, não tinham problemas em gerar recursos, isso acontecia a cada dia, cada hora, minuto ou mão jogada. Pode-se dizer que a receita bruta desses empreendimentos se apresentava como um contador progressivo que poderia até reduzir sua velocidade, em horários de menor movimento, mas que praticamente nunca parava (com exceção dos raros momentos em que o software travava ou ficasse indisponível).
Dessa forma chega a ser ridículo imaginar que as empresas não tivessem os valores para pagar aos seus jogadores já que 100% do dinheiro devido pelo site aos seus clientes foi custeado pelos próprios clientes, ou seja, jogador A ganhou a mão no cash game porque jogador B a perdeu; jogador C foi campeão do torneio e levou uma bolada porque todos os outros participantes contribuíram igualmente para criar o prizepool, e por aí vai.
Por tudo isso, e como era de esperar, a Poker Players Alliance lançou guia para ajudar os jogadores locais a reaver seus fundos.
Se a iniciativa renderá frutos aos jogadores é uma questão ainda sem resposta mas, sem dúvida, a atuação contundente da associação, pelo direito dos praticantes do poker, em especial no ambiente online, é um ponto mais que positivo na luta não só local mas global pelos direitos e garantias individuais e pela liberdade que cada um deve ter para se dedicar às atividades lícitas, sem interferência estatal nessa decisão.
É claro que desejamos que os americanos tenham sucesso e recebam o que as empresas lhes devem mas, de tudo isso, a maior lição e o maior desejo que nós, aqui no Brasil, também tenhamos um dia uma entidade que reunisse os jogadores e fosse tão atuante e presente como a PPA.
Este desejo não é uma crítica às Associações, Federações ou Confederação de Poker, sabemos que tais entidades são diferentes conceitualmente da PPA e, ainda assim, foram (e são) muito importantes para a organização do poker no Brasil.
Por outro lado, um sinal de que a modalidade alcançou o grande público e singular popularidade será o dia em que tivermos uma PPA brasileira, reunindo dezenas de milhares de jogadores, na luta pelos seus direitos e especialmente pelo poker como um esporte mental, atividade absolutamente lícita, saudável e recomendada a todos.
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