Acaba-se de encerrar a participação brasileira na primeira Copa do Mundo de Poker (e que participação!), organizada pela entidade máxima mundial do nosso esporte, a International Federation of Poker - IFP.
Mais do que integrantes desta verdadeira festa do poker mundial, fomos além e assumimos a posição de protagonista ao carimbar o vice-campeonato do torneio por equipes disputado na modalidade "duplicate poker" e alcançar a 3ª colocação no evento individual chamado "The Table" com a brilhante atuação do presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold´em - CBTH (entidade máxima nacional e uma das fundadoras da IFP), Igor "Federal" Trafane.
Começamos o artigo falando dos resultados brasileiros e deixando claro o saldo mais que positivo do evento, em especial para o nosso país, o que deve nos bastar, sem sombra de dúvidas.
Por outro lado, algumas falhas e equívocos, talvez gerados pela própria estréia do evento, acabaram trazendo muitas discussões e até certos questionamentos a respeito da credibilidade do Campeonato Mundial da IFP.
Torneio por equipes, a falha técnica e a nação "Zynga"
Em primeiro lugar, que fique bem claro, a escolha do sistema "duplicate poker" para a disputa do torneio por equipes foi magistral, uma ideia que traz a certeza do quanto a habilidade é preponderante para o sucesso neste esporte mental, mesmo considerando que apenas um torneio não diz muito a respeito do verdadeiro nível de uma equipe ou da qualidade técnica de um país.
De acordo com o sistema adotado para a disputa por equipes, em todas as mesas do evento, as mãos eram duplicadas, ou seja, cada um dos assentos de cada mesa recebia as mesmas cartas e, os ocupantes de tais assentos competiam entre si para se chegar à pontuação final.
Por exemplo, se o assento nº 1 de determinada mesa recebesse AA, todos os outros jogadores também posicionados neste assento, em outras mesas, teriam a mesma mão para jogar.
Assim, ao final da mesmíssima mão, quem conseguisse mais fichas, ficava melhor rankeado que os demais.
E isso se repetia em todas as outras posições, nas 72 mãos jogadas nesta modalidade escolhida para o torneio por equipes.
No final, somando-se a pontuação de todos os representantes brasileiros, ficamos apenas 2 pontos atrás dos alemães, o que dá ainda mais valor à nossa conquista.
A falha técnica
Vale lembrar que, no primeiro dia do evento, 17 de novembro, houve um fato inadmissível que foi responsável pela anulação de todo o dia (no qual o Brasil teria sido eliminado), com a falha na contagem de fichas ou somatória de pontos, que levou à repetição da primeira fase do torneio no dia seguinte, o que foi bom para o Brasil que acabou se classificando para a próxima fase e sagrando-se vice-campeão.
A crítica a esse respeito não tira qualquer mérito do time brasileiro ou de qualquer outra equipe que participou, incluindo os alemães, que repetiram o feito do Main Event do WSOP e puxaram mais um título mundial.
A falha técnica não deve ser reputada às equipes e todos jogaram em igualdade de condições mas, que fique claro, a IFP precisa de mais atenção neste quesito, seja em treinamento de seu staff ou quaisquer outras medidas que evitem equívocos como este ocorrido, sob pena de perder muito da credibilidade que um evento deste porte deve buscar.
E por falar em credibilidade, está claro que o mais importante é que este evento seja periódico, melhore a cada ano e realmente se torne referência, assim como aconteceu com o nosso Campeonato Brasileiro, mais conhecido como Brazilian Series of Poker - BSOP.
A participação de jogadores classificados pela internet, através do site Zynga Poker também foi alvo de algumas críticas, muito bem fundamentadas por sinal.
Se havia contrato de patrocínio, desejo de propagar o evento entre os usuários da internet e de redes sociais (o aplicativo da Zynga está disponível no Facebook) ou qualquer outro motivo, embora louvável a ideia da IFP, já que propogar o poker é sempre positivo, fica a crítica do critério utilizando para se incluir os jogaores qualificados no site como integrantes de uma equipe que competia contra representantes de países reais.
Seria algo como incluir na Copa do Mundo de Futebol o time da Konami, Eletronic Arts ou quaisquer outras empresas que desenvolvem jogos de futebol para as mais diversas plataformas.
Não se discute a importância das inovações, a integração de todas as atividades (em especial do poker) com o fênomeno da internet e redes sociais, mas se o interesse é trazer cada vez mais credibilidade e respeito ao nosso esporte, não se deve inventar muito e inovar a ponto de elevar, mesmo que num único torneio, um site ou marca à qualidade de país.
Assim, se a divulgação do Campeonato Mundial de Poker é importante, também não se deve deixar de lado a necessidade de se garantir que a disputa, denominada "mundial", efetivamente obedeça aos mesmos critérios utilizados para os demais esportes tradicionais e reconhecidos há muito mais tempo que o nosso poker.
O torneio individual: The Table
Com o vice-campeonato no torneio por equipes, o Brasil foi ao torneio individual com força total, incluindo, além de nossos jogadores da seleção, o presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold´em - CBTH , Igor "Federal" Trafane.
E como um exemplo que deveria ser estendido a todos os esportes, nosso dirigente, que começou sua jornada no poker como jogador (e brilhante por sinal), fez bonito, chegou à mesa final com o segundo maior stack, atrás apenas do espanhou Raul Mestre (que acabou ficando com o título), e, ao final do dia de hoje, trouxe mais um grande resultado para o Brasil com a 3ª colocação.
Infelizmente, na reta final, algumas mãos cruciais acabaram com o sonho do título brasileiro neste evento mas nossa participação foi digna de muitos aplausos e comemoração de toda a comunidade.
Prova da falta de piedade do baralho conosco foi a mão praticamente derradeira, que fatiou Federal quando ele com
AcQd encarou a jogadora do Reino Unido, Victoria Coren, que segurava AsQs. O flop foi dos sonhos para a jogadora enquanto representou o pior pesadelo para Igor e toda a torcida brasileira:
Coisas do poker mas que não ofuscam mais este grande resultado para o Brasil e provam, mais uma vez, o quanto temos evoluído neste esporte mental e o quanto ainda poderemos celebrar com grandes resultados de nossos jogadores.
Esperamos que a próxima edição venha logo, recheada de novidades, melhorias e que o Brasil, mais uma vez seja muito bem representado, como foi nesta primeira edição, já hoje, além de respeitados no circuito mundial somos, com muita justiça, temidos!
Parabéns a todos que estiveram em Londres e também aos que acompanharam todo o desenrolar deste evento, a conquista maior foi nossa, do nosso poker e do nosso povo.