Tênis e o Poker

Não há qualquer dúvida de que este elemento une os dois esportes, sua natureza individual e, ao mesmo tempo, a necessidade de se estudar, analisar, enfim, ler o adversário!

Mas as semelhanças não param por aí. Além da interação entre os oponentes, presente nas duas atividades esportivas, muitos outros elementos estão presentes nos dois jogos:

Preparo

É muito interessante ver aquele jogador de tênis vencendo um grande torneio, assim como assitir uma celebridade do poker ganhando um bracelete de um evento do circuito internacional, não é?

Mas não há o menor apelo para o grande público e não garantiria nada de audiência se as transmissões fossem restritas ao período de treinamento desses atletas.

E acreditem, tanto no tênis quanto no poker, para se alcançar um altíssimo nível e disputar em igualdade de condições com os maiores jogadores do mundo, é necessário muita dedicação, disciplina e persistência, além do talento natural, é claro.

Dessa forma, não há como negar que a preparação dos praticantes é algo crucial e determinante para os resultados que vão colher nas suas respectivas atividades.

Leitura

A dinâmica dos jogos é bem diferente, uma vez que rebater bolas por cima de uma rede em nada se assemelha com segurar cartas e atirar fichas na mesa, mas tais atividades guardam enorme relação quando se procura a razão por trás de cada jogada (quando praticada por alguém que sabe o que está fazendo).

O bom jogador de tênis, assim como o jogador de poker de alto nível, vai buscar as fraquezas de seu adversário, explorar suas deficiências, perceber sinais de cansaço, de blefe, seus melhores golpes, suas reações, etc.

Assim, se no tênis não basta jogar a bola para o outro lado, no poker também não se trata de torcer para que seu jogo seja melhor, sua carta esperada apareça e seu draw se complete.

A vantagem nos dois casos decorre da capacidade de análise de situações repetitivas e da percepção de padrões que podem garantir o sucesso no longo prazo.

Controle emocional

Nem é preciso dizer que o fator psicológico é algo não só presente mas primordial nos dois esportes.

É praticamente impossível obter sucesso nas quadras ou nas mesas sem buscar o equilíbrio, manter o controle emocional e não se abalar com situações adversas.

Muitos grandes talentos dos dois esportes foram perdidos por lhes faltar tal condicionamento.

E a semelhança é ainda maior pois se tratam de atividades individuais nas quais os jogadores, na maioria das vezes, estão sozinhos quando tomam suas decisões e não terão ninguém para culpar no caso de fracassos.

Resistência

Recentemente foi jogada a maior partida de tênis da história. O jogo de 5 sets levou nada menos que 11 horas e 5 minutos para ser decidido!

Em geral, ainda que não levem todo esse tempo, partidas de 5 sets são desgastantes e, muitas vezes, leva vantagem o oponente que possuir mais resistência física e também mental.

E no poker em que muitos torneios se desenrolam por mais de 12 horas seguidas e sessões de cash game pode ser ainda mais demoradas?

Independentemente de não se tratar de atividade aeróbica, o poker também gera desgaste e cansaço, tanto físico pois ficar sentado por horas não é das coisas mais agradáveis e tampouco saudáveis, quanto mental pois, como no tênis, o jogador deve pensar sobre suas ações a todo o momento e, mesmo quando não joga a mão, ainda deve ficar atento para os sinais (tells) dos adversários e outras informações que podem ser relevantes.

Não há como negar que a resistência é uma qualidade indispensável para tenistas e também para jogadores de poker.

Paciência

Esta qualidade poderia até ser incluída no item anterior, mas a paciência é algo bem mais específico.

É preciso de paciência no curto prazo (durante jogos por exemplo) mas também no longo prazo quando, em fase de preparação e treinamento, os atlentas mal sentem suas evoluções e vivem na impressão de que não subirão de nível nunca.

É preciso ser paciente, no poker, no tênis, enfim, na vida.

E os atletas de alto nível descobrem essa verdade rapidamente e, se não descobrirem, melhor será abandonar suas carreiras pois serão fontes inesgotáveis de frustrações ao invés de conquistas e sucesso.

De fato, mais esta realidade une os dois esportes.

Disciplina

Ser um atleta disciplinado demanda foco. É preciso atentar para a rotina, para os treinamentos, para o preparo físico e psicológico, cultivar o auto-controle e agir racionalmente tanto quanto possível seja nas quadras ou nas mesas.

Sem disciplina não é possível ser um grande tenista ou um jogador de poker de sucesso.

Digamos que este elemento é um combinação de tudo o que forma um grande atleta e mais que isso, sua utilização maneira coordenada e consistente.

Apelo

A mídia de todo mundo sabe muito bem explorar tanto o tênis quanto o poker. São atividades que despertam grande interesse, pelos seus dinamismos, suas disputas acirradas e, obviamente, pelos cobiçados prêmios em dinheiro.

Quando se fala em prêmios, é comum lembrar dos enormes (e simbólicos) cheques conferidos aos campeões de Grand Slams, assim como é comum ver aquela montanha de dinheiro sobre a mesa nos heads-ups dos maiores torneios de poker.

Este é um elemento de apelo, para chamar atenção para aquele evento e funciona para o público gerando audiências enormes e desperta grande interesse para as atividades.

E é mais uma semelhança entre os dois esportes.

Por todas essas razões é muito interessante ver um representante da elite do tênis, vencedor de diversos torneios tradicionais e que já ocupou o posto de nº 1 do Mundo (quando bateu as lendas Sampras e Agassi no mesmo torneio), demonstrar sua paixão pelo poker e reafirmar que nosso esporte da mente atrai quem conhece competições, desafios e habilidade muito bem!