A grande batalha travada entre a pecha "jogo de azar" e a classificação mais realista do poker como "jogo de habilidade" é o foco das discussões tanto na esfera legislativa quanto nas mesas de bar, nos jantares em família e até em almoços entre colegas de trabalho.
O fenômeno do jogo dos straight flushes se tornou uma realidade quando o que era algo restrito a alguns grupos de amigos e quando era difícil encontrar parceiros até para um simples homegame, invadiu a mídia nacional, em programas como o Poker das Estrelas da Band, a transmissão do campeonato brasileiro "BSOP" na ESPN e na mídia especializada como encabeçada pelas revistas FLOP e Cardplayer Brasil e seguidas por fóruns online, sites de conteúdo e até mesmo blogs.
Assim, uma das mais gritantes diferenças do poker para os chamados "jogos de azar" é não só a possibilidade de se dominar teórica e estrategicamente o jogo mas principalmente a quantidade de informação disponível a todos aqueles que pretendem obter sucesso nas mesas.
Falaremos hoje de um conceito muito importante chamado "stop loss", ou seja, impor limite às suas perdas em sessões nas quais nada parece dar certo.
Como todos sabemos, apesar de algumas situações se apresentarem extremamente positivas no longo prazo, algo como um favoritismo de 4 para 1 surge quando o seu poderoso par de ases enfrenta um par menor, por exemplo, os seus 80% de chance de vencer a mão antes do flop representam um evento estatisticamente independente de todas as suas mãos anteriores.
Trocando em miúdos, não é porque você tomou suckouts nas 5 últimas vezes que tinha essa vantagem que na sexta, na sétima ou na centésima vez o seu par maior irá ganhar. Em todos esses embates o seu adversário manterá os 20% de probabilidade de vitória, independentemente do que aconteceu nas outras mãos jogadas.
Essa combinação de fatos randômicos que podem lhe trazer o lucro ou prejuízo em determinado período de tempo é o que, grosso modo, podemos chamar de variância.
Sendo assim, o jogador preparado e ciente desse fator, deve se adaptar a isso e evitar que seu "período de vacas magras" machuque seu bankroll mais do que deveria.
E é por isso que os grandes profissionais sabem muito bem o que significa o stop loss.
Ainda que o momento de se parar de jogar não é aquele em que se está perdendo mas aquele em que estamos jogando mal, é evidente que perder dinheiro jogando bem ou jogando mal leva ao mesmo resultado negativo. A grande diferença é que o limite de perda suportável, tanto para que o jogador evite o tilt quanto para que o bankroll se mantenha saudável para lhe permitir dar a volta por cima quando o jogo virar, é algo que pode ser decisivo na sua carreira.
Alguns jogadores, além do stop loss, chegam a literalmente parar de jogar por algum tempo, e dedicar esse período aos estudos ao apenas para esfriar a cabeça mesmo para, quando voltarem às mesas, além de descansado, mais bem preparados e "destiltados" possam ter à disposição seu "rico dinheirinho" para continuar sua rotina e buscar o tão esperado lucro.
O grande jogador de poker norte-americano Eric "Rizen" Lynch chegou a dizer que, no seu início de carreira tinha um problema com a marca negativa de US$ 1.000,00 dólares. Se perdia US$ 999,00 numa sessão ainda estava bem mas, quando suas perdas chegavam à terceira casa decimal, ele tiltava de uma maneira que nem dormir direito conseguia.
No artigo Bank Roll emocional, publicado originalmente na revista Cardplayer americana, Eric conta um pouco a respeito dessa experiência e quanto o desequilíbrio emocional pode afetar negativamente o jogo de cada um.
Por isso que o "stop loss" é uma medida tão importante e que denota não só o preparo quanto o equilíbrio de um jogador que pretende chegar ao topo da carreira sem sobressaltos.
Em resumo, saiba impor limites às suas perdas e evite que os períodos em que nada dá certo machuquem de tal forma seu bankroll que o seu trabalho de meses ou até anos possa ser engolido pela combinação mortífera bad run + tilt!
Boa sorte a todos nas mesas!
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