Homens no Ladies Event: que vergonha!

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ladies_event_intruder.jpg Poderia até ser uma piada mas para isso faltou o elemento essencial: graça.

O motivo deste artigo é o fato que vem se repetindo a cada ano no Ladies Event da WSOP que contraria toda lógica e até mesmo a semântica do evento que é a presença de homens no field.

Tudo bem que não é proibido o registro de homens já que o Ladies Event não é (e não se sabe o porquê) um torneio exclusivo para mulheres ou "ladies only".

Mas convenhamos, a atitude de um homem que joga poker, na maior série de torneios do mundo, com inúmeras opções de eventos, de se registrar no de nº 53 chamado "Ladies No Limit Hold´em Championship" é, para dizer o mínimo, ridícula.


Em primeiro lugar, o óbvio é que numa série de torneios que conta com 58 eventos no total e apenas um destinado às mulheres (o que deixa os marmanjos com 57 opções das mais diversas modalidades e valores), por si só já é uma bela razão para afastar os barbudos do torneio das damas.

No ano passado foi a mesma coisa, alguns até vestidos de mulher, em tom de brincadeira (de péssimo gosto aliás) e invadindo o espaço que deveria ser restrito às moças, como o próprio nome do evento diz.

shaun_deeb_ladies_event.jpgEntre os jogadores que, equivocadamente, se registraram no torneio estava o reconhecido profissional americano Shaun Deeb (imagem ao lado) que, além de participar do evento, ainda apareceu para jogar vestido de mulher.

Deeb manifestou seu apoio ao direito de mulheres jogarem poker (como se isso dependesse de apoio), dizendo que inclusive começou a jogar por influência da sua avó (que não deve apoiar tal conduta se for mais lúcida que o neto) e também se colocou contra qualquer distinção de gênero nos eventos da WSOP.

Ora, tanto não existe restrição por parte da WSOP ou preconceito contra os homens (como se a classe sofresse com tal intolerância) que ele mesmo pôde sim participar do Ladies Event, apesar dos protestos e das críticas que sofreu por conta dessa atitude nada convencional.

O Ladies Event não celebra o direito de mulheres praticarem poker, isso já é normal e aceito (como deveria ser desde sempre) há muitos anos. Temos, inclusive, inúmeras jogadoras entre os melhores do mundo na modalidade apesar do poker ainda ser praticado majoritariamente por homens, como acontece em diversos outros esportes e atividades.

Em resumo, as mulheres não precisam desta bandeira porque todos os seus direitos já são assegurados pelas leis e constituições da maioria dos países ditos civilizados. A minoria das nações que ainda vedam o acesso de mulheres a determinadas profissões ou a certos esportes e atividades estão na contra-mão da sociedade moderna, em franco atentado aos direcionamentos legais e até políticos preponderantes no mundo de hoje.

Então, no cenário atual, qualquer manifestação de apoio às mulheres que praticam poker, seria o mesmo que dizer que se apóia o direito à vida e se recrimina a conduta de homicidas. Nada mais óbvio e esperado.

Por isso, justificar a participação de homens no Ladies Event como manifestação de solidariedade à causa feminina é um absurdo sem tamanho porque simplesmente não existe tal luta!

Por outro lado, se colocar contra a chamada "segregação de gênero" nos torneios de poker que trazem eventos apenas para mulheres (o que não é o caso da WSOP) ainda é um argumento mais sem sentido (e incrivelmente utilizado por Deeb).

Seria o mesmo que dizer que a criação de um torneio de futebol feminino demonstraria preconceito contra os homens que desejassem jogar. Isso até seria verdade se eles não tivessem outra opção e tal fato, no futebol, no poker, e até no mercado de trabalho passa longe da verdade.

Hoje, se as mulheres se fazem representar em praticamente todas as posições da sociedade (a presidente do Brasil é uma delas inclusive) como prova de que o mundo mudou (ainda bem!) e que a igualdade dos gêneros é algo longe de ser um favor mas a expressão de um direito básico, dos mais óbvios e inconstestáveis, sendo impossível interpretar determinadas ações como preconceito contra os homens que, diga-se de passagem, apenas pelo seu gênero nunca foram alvos de qualquer discriminação.

A respeito disso, vejam a declaração de Shaun Deeb gravada no ano passado, após sua participação no Ladies Event:

Poderia se dizer que alguns dos jogadores se registram no Ladies Event por entender que é um field mais fácil e um caminho menos árduo para se conquistar um sonhado bracelete da WSOP.

Este argumento também é infeliz não só pela qualidade das mulheres que praticam poker e da dificuldade em se vencer qualquer torneio que reúna milhares de pessoas (o Ladies Event de 2022 teve 1055 inscrições) mas, principalmente, pela piada pronta que seria um barbado ostentar orgulhosamente um bracelete do evento feminino.

A verdade é que não existe motivo relevante ou justificativa plausível para se defender a presença de homens no Ladies Event e amparar seu registro no torneio na manifestação de apoio às jogadoras ou na discordância da "segregação de gêneros" é tão bizarro quando se apresentar em trajes que, como o torneio, deveriam ser restritos ao universo das damas.


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